quinta-feira, 12 de abril de 2007

orquestra inclusiva humaniza apresenta seus personagens

Um olhar para as pessoas atendidas pelo projeto Orquestra Inclusiva Humaniza faz deparar com personagens interessantes, cuja estória de vida na maioria das vezes controversa só faz realçar a importância da iniciativa. Nence Bertolani é uma dessas pessoas desprezadas pela vida e a sociedade, e cujo infortúnio acaba escondendo uma grande sensibilidade artística.

Nence tem 43 anos e é natural do Paraná, tendo chegado a Limeira aos 10 anos de idade. Aos 22 e sem qualquer alternativa de emprego passou a prostituir-se para a subsistência, período da vida do qual não guarda boas lembranças. Em todo este tempo, porém, uma companheira esteve ao seu lado sempre: a poesia.

A vontade de mudar de vida a fez se integrar ao projeto Vitória, iniciativa do serviço de promoção social do município. Pelo projeto, as profissionais do sexo são capacitadas em atividades profissionalizantes como o curso de montagem de bijouteria, ou mesmo o curso de empreendedorismo promovido pelo Sebrae. Além disso, o amparo psicológico das assistentes sociais abre as portas da percepção para outras realidades não só de trabalho, mas de vida. Foi o início da virada na vida de Nence.

Sabedor do enorme potencial do Vitória, foi nele que a Orquestra Inclusiva Humaniza foi buscar suas usuárias. Por seu lado, ao saber sobre a Orquestra Inclusiva Humaniza, a poeta Nence se interessou e logo aderiu principalmente pela oportunidade do contato com outra forma de arte: a música. “Sempre tive essa curiosidade com música”, afirma.

Desde março, Nence participa do projeto e vem tendo aulas de música no Centro Comunitário do Parque Nossa Senhora das Dores, além de aulas de canto no Centro Cultural. Está praticando flauta e violão, mas tem preferência por ocupar outro espaço na Orquestra. “Gosto da produção, gosto de providenciar todo o equipamento musical e de preparar o ambiente para uma apresentação perfeita”, explica.

Com todo este histórico de poetiza aliado à sua empolgação, a participação de Nence na Orquestra não poderia deixar de ser diferenciada. Durante a elaboração do repertório, seus poemas serão musicados pela equipe técnica de maestros, e Nence passa a ser uma colaboradora remunerada do projeto. “A experiência abriu um novo horizonte para mim, e com certeza pretendo seguir realizando alguma atividade ligada à música”, finalizou.