terça-feira, 13 de março de 2007

casa de convivência: o primeiro contato com os excluídos

O contato direto com pessoas vítimas de uma das exclusões mais significativas - o abandono e a vida na rua - poderia trazer como impressão a tristeza e o abatimento. Não foi o que encontrou a equipe da Orquestra Inclusiva Humaniza quando conheceu os usuários da Casa de Convivência, programa gerido pelo Ceprosom num abrigo localizado no bairro Nossa Senhora das Dores. Lá, são atendidos atualmente 12 homens moradores de rua, pessoas abandonadas à própria sorte pela família com histórico de uso de drogas e bebidas alcoólicas.

Este é o primeiro grupo de excluídos que a Orquestra Inclusiva constatou. “Estamos mantendo conversações com o Ceprosom, e temos intenção de incluir essas pessoas na Orquestra Humaniza”, explica o coordenador Vicente Pironti. Reuniões com as profissionais do sexo e com os egressos do sistema carcerário serão as próximas etapas dessa fase de aproximação.
Na Casa de Convivência, a equipe também estabeleceu os primeiros contatos com a equipe do Ceprosom que será a ponte entre a Humaniza e os grupos de atendimento de excluídos do município. Neste primeiro encontro, as assistentes sociais Sonia Regina Malta, Renata Chiari e Joice Telles ajudaram a introduzir não só a equipe Humaniza como o próprio conceito da Orquestra Inclusiva junto aos homens de rua atendidos pelo projeto.

Após uma apresentação inicial, o maestro Edson Hansen e o produtor musical Luciano Filho realizaram uma atividade para detectar o grau de sensibilidade musical do grupo, com exercícios vocais e um pouco de teoria musical exposta numa pequena lousa da Casa de Convivência. O resultado foi positivo e mostrou não só uma habilidade além das expectativas iniciais da equipe da Humaniza como principalmente uma receptividade evidente dos homens, aspecto importante para a continuidade do trabalho.

Cada qual apresentando sua subjetividade, e em geral com uma certa dificuldade em estabelecer elos de comunicação – efeitos de uma vida de desprezo e humilhações – os 12 homens de rua foram se descontraindo e confessando suas experiências musicais ao longo da reunião. “Todos os homens de rua presentes neste primeiro encontro podem vir a fazer parte tanto do Madrigal como da Orquestra”, analisou Vicente Pironti.